O meu Xenofobismo na Música


Confesso, o meu ouvido é anglo-americano. Foi o que ele aprendeu a gostar de tanto ouvir Beatles ou Rolling Stones. Mais tarde já na puberdade se abriu para outros sons, conheceu e amou o samba e o pagode ou a genialidade de Chico Buarque; os sons exóticos da Índia e do médio oriente, a garra do flamenco, os delírios da música de fusão, a envolvência da electrónica e o rock, sempre o rock, na sua forma mais pura ou mais progressiva.

A questão para mim - aqui se revela a xenofobia - é que não vejo uma americano a tocar samba, nem um brasileiro a tocar rock. Parece que a coisa não combina, não encaixa, não faz sentido. Não consigo escutar rock brasileiro, assim como não consigo escutar um alemão a tocar samba. Há excepções, claro que há, mas são raras. Eu acho que deve ser uma coisa genética e cultural, tem de ser absorvido ainda no ventre. Me vem à memória que alguém insinuou que a bossa nova foi inventada para facilitar aos americanos o acesso ao samba, da a sua incapacidade de tocar o verdadeiro e genuíno samba.

Quanto ao rock ou é americano ou inglês. Existem no entanto duas excepções. Os suecos e os alemães fazem um rock muito bom, talvez devido à sua proximidade genética e cultural com os ingleses. Quando ouço uma banda da Dinamarca ou da Rússia fazendo este tipo de música, fico sempre de pé atrás e raramente essa música me satisfaz. Curiosamente, também as bandas espanholas dificilmente conseguem fazer um rock convincente.

No entanto não sou uma mente fechada. Em 2016 escutei uma banda argentina que me pareceu fantástica e aconteceu que o seu disco foi confirmado como um dos melhores da cena prog de 2016. É como eu disse: Há excepções!

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